terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Have no idea

People of This World,

Minto no subject. Sei bem o que gostaria de aqui escrever mas sei ainda melhor que não posso.

A problemática do bloguista (se é que posso ter a presunção de me assumir como tal tendo em conta a pouca regularidade com que tenho escrito) é simples: O que é que se pode escrever sobre a nossa vida? Até onde nos devemos revelar, ou devemos deixar-nos sermos revistos nestas linhas?

Sei que a minha intimidade termina onde a dos outros começa (até ficou com piada esta frase! Pela mera troca de "liberdade" por "intimidade"... que belo momento de inspiração! E que insuportável momento de falta de modéstia...) e é ai que se situa a minha dificuldade em escrever sobre a minha vida quando me encontro em plena partilha da mesma com quem gosto e admiro mas acima de tudo respeito a todos os níveis.

E que implicação tem tudo isto na minha escrita? Fácil. Quando estou a viver os melhores momentos (ou os piores, mas desses prefiro que a minha história não reze) não escrevo sobre eles. Parece ridiculo. Parece e é. Pelo simples facto que acabei de reduzir a importância - todavia eternamente relativa - destas linhas ao seu mínimo possível e imaginário.

Só que já me começo a aperceber porque é que vim "aqui" hoje, a estas horas pouco saudáveis, neste momento pré-sonho, pré-descanso, pós dias passados na "minha" Londres.

Sou percepcionado como excessivamente egocêntrico.
E repito:
Transmito que sou confiante demais.
E "je dirais même plus" (dupont et dupont):
Consideram-me, com razão parcial, um arrogante.

Tenho, quero, vou mudar. Não pelo simples facto de o fazer, ou porque devemos todos cair num padrão de normalidade que não interfira com personalidades mais susceptíveis a ficar ofendidas, mas porque quem me chamou à atenção para este facto é alguem por quem nutro um carinho único, uma admiração muito grande, e um sentimento muito especial.

Só que não fiquei apenas por ai. Ela (ela quem? A cadela? hehe) despoletou todo o processo que me levou a tentar perceber por que é que o faço, por que é que o sou.

Não sei se cheguei à conclusão certa, mas aqui vai uma tentativa de auto análise meets psicoterapia domiciliária:

Sinto-me em avaliação constante. Por comparação ou não, por contra posição, isso já não sei. Mas sei que passa precisamente por isto. Por achar que de alguma forma estou sempre a ser avaliado, a ser "put to the test". Seja pela vida nos momentos familiares contra-natura que tive, ou no "trabalho", seja nesta situação, seja noutra altura qualquer, mas a verdade é que tenho a sempre presente sensação que, nem que seja por mim mesmo, estou sempre a ser avaliado.

Soa-me ridiculo. Até acredito que o seja.

Só que é verdade. Aprendi a defender-me desta forma, e se em certas alturas ou momentos pode ser das melhores armas, noutras começo a assumir (e foi perante ti que o fiz totalmente pela primeira vez) que tenho de me moderar.

E curiosamente, tenho de o fazer, pelo simples facto de que, sem falsas modéstias ou querendo parecer esquizofrénico e totalmente contraditório, eu sou uma optima pessoa. Sou um bom gajo, um excelente amigo, um incrível namorado, um sempre em evolução profissional, an all round nice guy with a twist of lemon on top. Desculpem, não volta a acontecer, but it's true I tell you, it's true ;)

Mas terminando o raciocinio dado que assumo que no meio de um momento totalmente Oscar Wildesco o sentido de tudo isto se possa ter perdido:
Não preciso de me posicionar como "mais-qualquer-coisa-do-que", ou sequer mencioná-lo, porque os actos têm sempre de falar por si. E eu sou suficientemente interessante através do que faço para ter de o melhorar na forma como o contei.

Confusos? Eu não. E ainda bem, porque eu escrevo por mim! hehe

Ah, mas fica, pela melhor das razões, pela essência deste post, ou mesmo para decifrar tudo o que aqui não ficou claro, este excerto adequadíssimo dum filme delicioso:




PS - Não deixo de ser fã do Mourinho ou ter como herói o Oscar Wilde! :)

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